Dados do Trabalho
Título
MEDIDA DOS MOVIMENTOS PALPEBRAIS SUPERIORES E SUA RELAÇAO COM ACHADOS TOMOGRAFICOS DO MUSCULO LEVANTADOR DA PALPEBRA SUPERIOR EM PACIENTES COM RETRAÇAO PALPEBRAL DA ORBITOPATIA DE GRAVES
Resumo
Introdução: Movimentos palpebrais de piscar e sacádicos são movimentos das pálpebras dependentes de coordenado arranjo de forças ativas e passivas, incluindo músculo levantador da pálpebra superior (MLPS), orbicular do olho e estrutura fibroligamentar da pálpebra. Pacientes com orbitopatia de Graves (OG) comumente apresentam retração palpebral, cuja fisiopatologia não é completamente compreendida. O sinal de Von Graeffe consiste em menor amplitude do abaixamento palpebral à infraversão, com consequente maior exposição escleral, em pacientes com OG.
Objetivos: Medida dos movimentos palpebrais superiores sacádicos e de piscar em pacientes com OG e controles e avaliação da relação entre achados de tomografia computadorizada e de dinâmica palpebral em pacientes com OG.
Método: Estudo observacional caso-controle. Pacientes com retração palpebral secundária à OG e controles foram submetidos a avaliação oftalmológica completa e medida da dinâmica palpebral com um sistema computadorizado de vídeo com resolução temporal de 100 frames por segundo e captação de sinal através de refletores infravermelhos. Tomografia computadorizada (TC) de órbitas com contraste foi realizada em todos os participantes do grupo OG. Dados de amplitude e velocidade máxima dos movimentos palpebrais foram analisados em relação à retração palpebral, medida pela distância margem-reflexo (DMR1), e à área ocupada pelo MLPS / complexo superior em cortes coronais tomográficos. Para análise estatística, o intervalo de confiança (IC) adotado foi de 95% e o nível de significância, de 0,05 (p<0,05). O projeto de pesquisa foi aprovado pelo Comitê de Ética em Pesquisa do Hospital das Clínicas da FMRP-USP (CAAE 54927522.3.0000.5440).
Resultados: Foram incluídos 70 participantes, sendo 37 do grupo OG e 33 do grupo controle (C). A média da DMR1 dos olhos de maior retração foi de 6,48 mm no grupo OG e de 3,95 no grupo C. Tanto em relação à amplitude vertical quanto à velocidade dos movimentos sacádicos e de piscar, não foram encontradas diferenças significativas entre os grupos. Não foi encontrada correlação entre os valores de DMR1 e velocidade ou amplitude vertical dos movimentos sacádicos e de piscar tanto em participantes do grupo OG quanto em participantes do grupo C. Encontrou-se correlação negativa significativa (p = 0,001) entre a área do complexo superior em cortes coronais de TC de órbitas e a amplitude vertical dos movimentos sacádicos dos participantes do grupo OG. Essa correlação não foi encontrada em relação à amplitude vertical dos movimentos de piscar.
Conclusão: Até o momento, não encontramos diferenças significativas entre as características da dinâmica palpebral de pacientes com retração secundária a OG e controles, o que explica o fato de os pacientes com Orbitopatia de Graves raramente apresentarem quadros de ceratopatia de exposição a despeito de consideráveis retrações palpebrais. No entanto, correlação significativa entre a área do complexo superior à TC de órbitas e a amplitude dos movimentos sacádicos mostrou-se significativa, indicando que maiores aumentos do volume do complexo superior estão associados a maior restrição à descida palpebral nos movimentos sacádicos, caracterizando o sinal de Von Graeffe. Acreditamos que os casos de Orbitopatia de Graves com ceratopatia de exposição configurem a minoria dos casos de OG associados a redução de amplitude e velocidade dos movimentos sacádicos e de piscar.
Área
Plástica Ocular
Autores
JULIANA ALBANO DE GUIMARAES, ANTONIO AUGUSTO VELASCO E CRUZ