Jornada Paulista de Oftalmologia (UNICAMP)

Dados do Trabalho


Título

RETINOSQUISE PERIPAPILAR ASSOCIADA A DESCOLAMENTO DE RETINA SEROSO: FOSSETA DE NERVO OPTICO OU FECHAMENTO ANGULAR?

Resumo

CASO: MNB, feminino, 78 anos, com queixa de escotoma central OE há 5 dias. Havia passado em consulta com oftalmologista, sendo realizado midríase farmacológica. Evoluiu com dor e baixa visual bilateral. Apresentava antecedente de hipertensão arterial sistêmica controlada e câncer de mama tratado, bem como história pregressa de trauma ocular AO após queda da própria altura há 1 ano. Possuía antecedente familiar de glaucoma. Ao exame, apresentava AV OD MM e OE MM e midríase médio-fixa. À biomicroscopia apresentava hiperemia conjuntival, edema de córnea com dobras de Descemet, câmara rasa VH I e catarata N2 AO. Fundoscopia e gonioscopia impossíveis por opacidade de meios. PIO 25 / 50 mmHg
Feita hipótese de fechamento angular secundário à midríase farmacológica, realizado manitol 250 mL EV, acetazolamida VO, timolol, dorzolamida e brimonidina tópicos com melhora de PIO para 14 / 28 mmHg. Mantidos colírios para uso domiciliar.
Paciente retorna um dia após sem melhora de AV, porém com melhora de edema de córnea bilateral. PIO mantida, em uso de três colírios. À gonioscopia, notado ângulo fechado 360 graus AO. Fundoscopia OD sem alterações e OE observava-se lesão branco-acinzentada temporal inferior ao disco óptico (melhor observada em exame de refletância próxima ao infravermelho) e descolamento de retina seroso. Realizada OCT CFN com exame normal OD e defeito de segmentação OE. OCT de mácula OE mostrou retinosquise peripapilar e descolamento de retina seroso subfoveal.
Realizado iridotomia AO e proposto FACO + LIO + TREC AO, primeiro OE. Após controle pressórico, paciente seria submetida à fotocoagulação a laser peridiscal para bloqueio de descolamento de retina seroso. Paciente evoluiu bem em pós-operatório FACO + LIO + TREC OE com PIO entre 10 – 18 mmHg sem colírios. Perdeu seguimento após 45 dias de cirurgia.
Retornou 6 meses após, referindo cirurgia de FACO + LIO + TREC OD em serviço externo. Apresentava AVCC 0,33 / 0,1p e TA 11 / 17 mmHG. Repetiu OCT CFN, evidenciando piora OD com perdas em todos os quadrantes e OE (agora com boa segmentação) com perdas TS, TI e N. O campo visual se mostrou confiável, OD com escotoma nasal e esboço de arqueado superior e OE com arqueado inferior. OCT de mácula e nervo mostraram melhora completa de retinosquise e fluido subfoveal. Paciente negava fotocoagulação a laser ou outras modalidades de tratamento de retina.
DISCUSSÃO: De acordo com pesquisas realizadas pelo PUBMED e Scielo, observou-se que quadros de fechamento angular podem se relacionar com retinosquise peripapilar e descolamento de retina seroso mesmo em pacientes sem fosseta de disco óptico.
A fosseta de disco óptico é uma condição rara geralmente unilateral, podendo ser congênita ou adquirida. Sua fisiopatologia não é definida, mas postula-se duas hipóteses que justifique descolamento de retina seroso e / ou retinosquise, a partir da infiltração de humor vítreo ou de líquor.
Alguns autores mostraram em análise multivariada que os níveis de pressão intraocular mais elevados estão mais associados com retinosquise detectadas por OCT, porém não evidenciaram acometimento macular em seu estudo. Dos 22 casos analisados, nove apresentaram resolução espontânea.
CONCLUSÃO: Este caso documenta o desenvolvimento de retinosquise macular e descolamento de retina a partir de fechamento angular em paciente com fosseta de disco, o que questiona se aumentos agudos na pressão intraocular podem potencializar complicações de defeitos estruturais de nervo óptico.

Área

Oncologia

Autores

ARTHUR SAMPAIO ZUPELLI, LEONARDO LUIS CASSONI, VALERIA BATISTA BORECK SEKI, FRANCYNE REIS VEIGA CYRINO, JAYTER DE PAULA SILVA