Jornada Paulista de Oftalmologia (UNICAMP)

Dados do Trabalho


Título

ASTROCITOMA DE NERVO OPTICO EM PACIENTE JOVEM ASSINTOMATICA - RELATO DE CASO

Resumo

Apresentação do Caso: paciente, sexo feminino, 27 anos, enfermeira. Paciente encaminhada para o ambulatório de Neuroftalmologia do Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina de Ribeirão Preto para avaliação de edema de papila no olho esquerdo, visualizado durante exame de rotina em serviço externo há 3 meses da primeira consulta em nosso serviço. Durante consulta, paciente negava cefaleia, queda de acuidade visual, zumbidos, dor ocular, proptose ou quaisquer outras queixas oculares ou sistêmicas associadas. Solicitados exames sorológicos (HIV, toxoplasmose, VDRL, hepatites, análise de líquor), todos negativos. No período estava em uso de antibioticoterapia há cerca de um mês, em virtude de contato com gato doméstico que foi a óbito (SIC). Negava antecedentes oftalmológicos, uso de demais medicações contínuas ou demais antecedentes relevantes conhecidos. Ao exame físico, apresentava melhor acuidade visual em ambos os olhos (AO) de 20/20, à fundoscopia borramento de nervo óptico 360º, com linha de Patton em olho esquerdo (OE), sem outras alterações. Sem defeitos campimétricos. Tomografia de Coerência Óptica (OCT) de nervo óptico de OE com imagem de aspecto de múltiplos micro nódulos e circunscritos sobre nervo óptico. Na autoflúor, observado lesões hiperautofluoerescentes coalescentes, sugestivos de astrocitoma de nervo óptico. Discussão: Os astrocitomas intraoculares ou hamartomas astrocíticos, correspondem a neoplasias benignas intraoculares raras compostas por células da glia, afetando principalmente retina e nervo óptico. Geralmente são associados à presença de comorbidades sistêmicas como Esclerose Tuberosa ou Neurofibromatose tipo 1, com incidência variável desde a infância até a quarta década de vida. A maioria dos casos é assintomático, sendo as principais queixas, quando presentes, redução de acuidade visual, dor ocular ou proptose. O diagnóstico clínico é presuntivo, uma vez que o diagnóstico definitivo (histológico), em grande parte das vezes, é inviável. Ao exame oftalmológico, podem se manifestar como: Tipo 1: lesão cinza-esbranquiçada, plana, semi-transparente e sem calcificações; Tipo 2: lesão multinodular (com “aspecto de amora”), opaca com calcificações; Tipo 3: lesão mista, sem evoluir para os demais tipos. No OCT, podem ser observados espessamentos em forma de cúpulas e áreas opticamente vazias (cavitações ou calcificações). Na angiografia observa-se rede vascular densa no tumor, com áreas de ausência de fluxo (cavitações). Outros exames como ultrassonografia, angiofluoresceinografia podem ser úteis na investigação e diferenciação diagnóstica, principalmente em tumores calcificados. Uma vez que as lesões tendem a se manter estáveis, a abordagem inicial é conservadora, com acompanhamento periódico de progressão e complicações. Em caso de comorbidades sistêmicas associadas, pode ser necessário tratamento específico. O estudo do sistema nervoso central (SNC) através de exames de imagem é indispensável, uma vez que trata-se de facomatose, podendo haver acometimento central. A paciente em questão aguarda a realização de Ressonância Magnética em nosso serviço. Considerações Finais: O astrocitoma intraocular é uma condição rara e geralmente assintomática, sendo, muitas vezes, um achado de exame. A investigação e condução dos casos deve ser baseada em exames oftalmológicos e na avaliação por exame de imagem de SNC para exclusão de acometimento central.

Área

Neuro Oftalmo

Autores

HENRIQUE BARTHOLOMEU TRAD SOUZA, RENATA DO AMARAL MORETO CARAVELAS, KELVIN FERRARI CORNIANI, HENRIQUE CORDEIRO SANTIAGO, MARIEL SOUZA NATIVIDADE